Quando…

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Quando percebermos que na diversidade das formas e dos fenômenos há uma unidade essencial e que o uno e o verso são duas faces da mesma realidade…

Quando compreendemos que nossas análises são fragmentárias e limitadas e podem ser complementadas pelas sínteses…

Quando soubermos que a matéria é o verso do Espírito, realidade restrita, que se transforma e se complexifica pela influência da consciência do ser que a constitui…

Quando entendermos que tudo que aparece é existência em movimento, manifestando a essência atemporal, imutável, divina…

Quando sentirmos que a separatividade em todos os campos do saber é um mero viés da razão, superável pela intuição e outras fontes do conhecimento…

Quando tivermos consciência de que a objetividade tão decantada no mundo é fundamentalmente uma intersubjetividade construída pelos nossos aparelhos de percepção…

Quando contemplarmos o universo como uma imensa teia de seres hierarquizados, do átomo ao arcanjo…

Quando percebermos que o tempo é um recorte da eternidade e o espaço é um retalho do infinito e que nossa constituição é imortal…

Quando compreendermos que viver é tomar consciência de um fluir do simples para o complexo, do fragmentário para o unificado, do inciente para o consciente, marcas universais da evolução…

Quando conhecermos a suprema fonte de toda transmutação evolutiva, o amor, e a encontrarmos nas manifestações da existência em vários graus de plenitude…

Quando soubermos que a nossa história, singular, única e repetível, é parte da grande saga do reencontro consciente com a totalidade…

Então, descobriremos o verdadeiro significado da existência, a multiplicidade dos planos de manifestação, a exuberante diversidade de formas criadas, todas elas para apresentar em cada instante do fluir, da impermanência, a presença inefável da fonte genética e mantenedora de tudo e de todos, o absoluto, o inefável, o vácuo criador, o iluminado… Deus.

Designações empobrecidas para dizer do nosso deslumbramento diante da fonte suprema de nossa realidade. E saberemos que existir é manifestar a natureza do ser, toda ela tecida de amor.

Amor a si mesmo que nos faz cuidadosos com nossos organismos multidimensionais e palingenésicos e nos transforma em cultivadores da perfeição possível nas circunstâncias evolutivas que nos entranhamos…

Amor ao outro em multifárias apresentações, sejam elas pessoais, sociais, comunitárias, ecológicas, inter-existenciais, numa atitude respeitosa, partilhada e estimuladora da dinâmica da evolução…

Amor ao transcendente, além do humano, transpessoal, luminoso, verdadeira adoração, que nos põe a atitude de submissão ao Supremo, de entrega ao Divino, de servidão libertadora no reino da plenitude…

E compreenderemos que cada instante, no trânsito da existência, é a oportunidade de manifestar esta amorosidade pela imersão nos mistérios do mundo exterior, como ciência objetiva, pela dedicação à busca de causas primaciais de suas manifestações metafísicas nas tertúlias filosóficas, pelo ato contemplativo nascido da fé, que nos faz religiosos, pela entrega à realização do belo como modo de ser artístico.

Assim, tudo o que vivermos terá sentido e significado, e nosso existir será um contributo valioso à saga cósmica.

Autor: André Luiz Peixinho


Referência Bibliográfica

PEIXINHO André Luiz; Quando, As Bem-Aventuranças e Outras Belezas Espirituais; Editora InterVidas, 2018.

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