Referências Bibliográficas

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Penso que não seja sensato apresentar os efeitos de algo sem antes gerar clareza sobre sua causa. Vamos, então, ampliar a compreensão a respeito do que significa a mente, para que possamos entender o que é o que é saúde mental.

De acordo com os conceitos científicos atuais sob bases materialistas, a mente engloba amplamente todos os fenômenos intelectuais e psicológicos de um organismo, abrangendo sistemas motivacionais, afetivos, comportamentais, perceptivos e cognitivos. Essa explicação, que pode ser encontrada no dicionário de psicologia da American Psychological Association — principal organização científica e profissional que representa a psicologia nos Estados Unidos —, indica que a mente está circunscrita como uma faculdade produzida a partir do corpo físico (ainda que as suas expressões sejam mais subjetivas).

Ainda sob a tutela da ciência, mas agora sob bases metafísicas, a perspectiva ganha contornos mais complexos, transcendentais e a mente passa a ser apresentada como uma manifestação do Ser (espírito) — independentemente deste indivíduo estar vinculado, ou não, ao corpo. Está, portanto, compreendida como uma interface sutil entre o espírito e o corpo físico, um instrumento através do qual o ser espiritual se manifesta e evolui, refletindo suas conquistas e desafios. A mente, nesse contexto, é um atributo do espírito.

Independentemente de qual caminho percorrer para melhor compreender este tema, o que está claro é que, seja na perspectiva materialista ou metafísica, a mente é apresentada como um importante pilar na vida de um indivíduo, de forma que a sua expressão é responsável pela qualidade das interações que uma pessoa tem consigo, com outras pessoas e com o mundo que a rodeia.

Então, o que é saúde mental?

Para responder a essa pergunta, recorremos ao acervo de pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS), que a define como um estado de bem-estar que permite às pessoas lidarem com o estresse da vida, realizarem suas habilidades, aprenderem bem, trabalharem de forma produtiva e contribuírem para sua comunidade. Parte integrante do nosso bem-estar geral.

O equilíbrio mental é apresentado, além disso, como um direito humano básico, crucial para o desenvolvimento pessoal, comunitário e socioeconômico. Mais do que a ausência de transtornos mentais, possui uma complexidade própria por ser vivenciada de forma diferente por cada pessoa, dado a forma como cada indivíduo se relaciona consigo e com os outros.

Quando o estado psicológico está comprometido, podem surgir, segundo a OMS, quadros como transtornos mentais e deficiências psicossociais, bem como outros estados mentais associados a sofrimento significativo, comprometimento do funcionamento orgânico ou risco de automutilação.

A saúde mental na história da humanidade

“Uma boa saúde mental e bem-estar são essenciais para que todos nós possamos levar uma vida plena, realizar todo o nosso potencial, participar produtivamente nas nossas comunidades e demonstrar resiliência face ao estresse e à adversidade.” (Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, 2019)

A partir da fala do então Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde, é possível dimensionar o quanto nossas realizações pessoais e conquistas coletivas estão diretamente vinculadas à qualidade da nossa condição mental. Quando comprometida, pode gerar consequências devastadoras. O Plano de Ação Abrangente de Saúde Mental 2013-2030 destaca a necessidade de medidas para resolver décadas de desatenção e subdesenvolvimento dos serviços e sistemas de bem-estar psicológico, abusos dos direitos humanos e discriminação contra pessoas com perturbações mentais e deficiências psicossociais.

Como fatores externos impactam no bem-estar psicológico

Embora algumas pessoas estejam em estado de resiliência, muitas estão expostas a circunstâncias adversas — como pobreza, violência, deficiência e desigualdade — e, por isso, correm maior risco de comprometer seu equilíbrio emocional.

Além dos fatores de risco já descritos, há outros agravantes deste cenário que, por serem subjetivos e sutis, tornam-se mais difíceis de perceber. Podem ser vistos como “comuns” nas relações humanas, tornando-se altamente nocivos, dado que a exposição contínua a eles aumenta significativamente os riscos de adoecimento.

Neste contexto, temos altas cargas de pressão no ambiente de trabalho, cobrança excessiva em processos seletivos no ambiente educacional, posturas de violência e massificação de ideologias com ataques de grupo nos ambientes virtuais, entre outros.

Como os serviços de saúde atendem estas demandas reais da sociedade?

Nos países subdesenvolvidos ou emergentes, o acolhimento à população possui um contexto desafiador. No recorte da saúde mental, este cenário pode ser ainda mais vulnerável, mesmo diante dos avanços tecnológicos existentes.

A World Federation for Mental Health (WFMH) — uma organização internacional que promove prevenção de transtornos mentais e emocionais —, ressalta que a promoção do equilíbrio mental deve ser integrada em todas as políticas de saúde pública. A necessidade de estratégias de prevenção que abordem fatores sociais e econômicos, como pobreza e desigualdade, também é destacada pela entidade.

A Organização Mundial da Saúde também revela que muitas condições de saúde emocional podem ser tratadas de forma eficaz a um custo relativamente baixo. No entanto, os sistemas de saúde permanecem subfinanciados e as lacunas no tratamento são amplas em todo o mundo. A OMS destaca que o atendimento à saúde mental muitas vezes é de baixa qualidade e que pessoas com condições de bem-estar psicológico frequentemente enfrentam estigmatização, discriminação e violações dos direitos humanos.

Como conduzir os cuidados e tratamento de saúde mental?

Em seu relatório mundial intitulado “Transformando a Saúde Mental para Todos”, a OMS destaca três caminhos para a transformação, com foco na promoção da saúde mental da população mundial. A orientação é para que todos os países acelerem a implementação do plano de ação, que apresenta três “caminhos para a transformação”:

Aprofundar o valor dado à condição mental por indivíduos, comunidades e governos, combinando esse valor com compromisso, engajamento e investimento de todas as partes interessadas.

Remodelar as características físicas, sociais e econômicas dos ambientes — em residências, escolas, locais de trabalho e na comunidade em geral — para proteger melhor o equilíbrio emocional e prevenir condições de bem-estar psicológico.

Fortalecer os cuidados de saúde mental para que todo o espectro das necessidades de equilíbrio mental seja atendido por meio de uma rede comunitária de serviços e apoios acessíveis e de qualidade.

O National Institute of Mental Health (NIMH) também explica que os transtornos mentais são tratáveis e que muitas pessoas se recuperam completamente ou conseguem controlar os sintomas com tratamentos eficazes. A terapia e a medicação são métodos comuns de tratamento que, aliados ao autocuidado, podem proporcionar uma vida plena e produtiva.

O autocuidado e a sua relação direta com saúde mental e bem-estar

O autocuidado consiste em um conjunto de práticas fundamentais para o equilíbrio mental. Podem — e devem — ser praticadas de forma individual, familiar e comunitária com foco em promover a saúde, prevenir doenças e proporcionar ferramentas para lidar melhor com incapacidades, com ou sem o apoio de um profissional de saúde. Há práticas sugeridas pela Organização Mundial da Saúde em seu “Guia de Autocuidado para a Saúde”, como:

Manutenção de um estilo de vida saudável: Inclui a adoção de uma dieta equilibrada, prática regular de atividades físicas e sono adequado.

Gerenciamento do estresse: Técnicas como meditação, mindfulness, ioga e atividades recreativas que promovem o relaxamento e a redução do estresse.

Autoconhecimento: Refere-se à compreensão das próprias emoções, necessidades e limites, promovendo um senso de identidade e autoestima.

Suporte social: Manter conexões sociais positivas e buscar apoio emocional em amigos, familiares e grupos de apoio.

Acesso a serviços de saúde: Procurar ajuda profissional quando necessário, incluindo consultas regulares com profissionais de saúde mental.

O Harvard Health Publishing endossa as práticas de meditação, mindfulness e exercícios físicos, apontadas não apenas como redutoras do estresse, mas também por promoverem melhora das funções cognitivas e bem-estar emocional. E é sempre importante reforçar que o autocuidado não substitui a necessidade de acompanhamento e orientação profissionais, mas é um complemento essencial, reconhecendo a interdependência entre saúde física, mental e social.

Conclusão

Como pudemos ver, a saúde mental é um pilar fundamental para o bem-estar geral e a qualidade de vida. Entender sua importância, os fatores que a influenciam e as práticas de autocuidado que podem ser adotadas é essencial para promover uma sociedade mais saudável e resiliente. Cada um de nós tem um papel a desempenhar, seja buscando informações, adotando hábitos saudáveis ou apoiando aqueles ao nosso redor. Com a colaboração de indivíduos, comunidades e governos, podemos avançar em direção a um futuro onde a saúde mental seja valorizada e cuidada com a mesma atenção que a saúde física, garantindo que todos possam viver de forma plena.


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