Transtorno do Espectro Autista: Sintomas e Tratamentos

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Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica complexa que normalmente aparece durante a primeira infância e afeta a maneira como uma pessoa percebe o mundo, interage socialmente, se comunica e até mesmo a sua autorregulação. O termo “espectro” refere-se à ampla gama de sintomas e habilidades que as pessoas com autismo podem apresentar. Cada indivíduo é único, e o TEA pode variar significativamente de uma pessoa para outra.

A Origem do Termo Autismo

A palavra “autismo” vem do grego “autos”, que significa “auto” ou “próprio”, refletindo a tendência de pessoas com autismo em se voltarem para seu próprio mundo. Este termo foi originalmente usado no início do século XX pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler para descrever um sintoma de esquizofrenia em que o paciente parecia estar “perdido em si mesmo”. No entanto, foi o psiquiatra austríaco Leo Kanner, em 1943, quem primeiro descreveu o Transtorno do Espectro Autista como uma condição distinta em crianças. Este foi um primeiro grande passo, mas veremos que um novo divisor de águas em relação ao autismo levou outros 40 anos para ser apresentado.

Avanços na Compreensão do Transtorno do Espectro Autista

Antes da publicação da terceira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III), que ocorreu em 1980, o autismo era frequentemente confundido ou agrupado com outros transtornos do desenvolvimento e transtornos mentais, como esquizofrenia infantil e transtornos de linguagem. A introdução do TEA no DSM-III foi um marco importante, resultando em uma compreensão mais precisa de suas características únicas. Isso levou a diagnósticos mais focados e a intervenções específicas que atendem às necessidades individuais de pessoas com Transtorno do Espectro Autista.

Classificações e Desdobramentos do Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Apesar da importância do grande passo com o DSM-III, foi com o lançamento do DSM-5 em 2013 que várias condições dentro do espectro foram unificadas sob o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA). Isso reflete a compreensão de que o autismo é um espectro com uma ampla gama de apresentações e severidades. Vamos explorar algumas das principais classificações que foram consolidadas:

  • Autismo Clássico (Transtorno Autista): Caracterizado por dificuldades significativas em interação social, comunicação verbal e não verbal, e comportamentos repetitivos. Os sintomas geralmente aparecem antes dos três anos de idade. Crianças com autismo clássico podem ter atrasos significativos no desenvolvimento da linguagem e habilidades sociais.
  • Síndrome de Asperger: Indivíduos com Síndrome de Asperger têm dificuldades sociais e comportamentos repetitivos, mas sem atrasos significativos na linguagem ou no desenvolvimento intelectual. Muitas vezes, essas pessoas têm interesses intensos em tópicos específicos e podem apresentar dificuldades com a comunicação social.
  • Transtorno Invasivo do Desenvolvimento – Sem Outra Especificação (PDD-NOS): Esta categoria era usada para indivíduos que não se encaixavam completamente nos critérios de autismo clássico ou Síndrome de Asperger, mas que ainda apresentavam dificuldades significativas em habilidades sociais e de comunicação.
  • Transtorno Desintegrativo da Infância (Síndrome de Heller): Caracterizado por um desenvolvimento normal por pelo menos os primeiros dois anos de vida, seguido por uma perda significativa de habilidades adquiridas em várias áreas, como linguagem, habilidades sociais e motoras. Este é um distúrbio raro e geralmente tem um início mais tardio em comparação com outras formas de autismo.
  • Síndrome de Rett: Incluída anteriormente no espectro do Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Síndrome de Rett é um distúrbio genético raro que afeta principalmente meninas. É caracterizado por uma regressão no desenvolvimento motor e de comunicação após um período inicial de desenvolvimento normal. Embora os sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA) possam estar presentes, a Síndrome de Rett tem uma base genética distinta e é agora classificada separadamente.

Características Comportamentais do Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista podem apresentar dificuldades em três áreas principais: interação social, comunicação e comportamento repetitivo. Segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), referência mundial a respeito da prevalência de Transtorno do Espectro Autista, as características do espectro variam amplamente, mas geralmente incluem dificuldades em compreender normas sociais, iniciar e manter conversas, e interpretar expressões faciais e gestos. Entenda mais sobre estas características:

  • Interação Social: Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista podem ter dificuldade em compreender normas sociais, expressar empatia e iniciar ou manter conversas. Eles podem parecer desinteressados em interações sociais ou não responder de maneira esperada a estímulos sociais.
  • Comunicação: Pode haver desafios tanto na comunicação verbal quanto não verbal. Algumas pessoas podem não falar, enquanto outras podem ter habilidades linguísticas avançadas, mas dificuldade em usar a linguagem de forma socialmente comum.
  • Comportamentos Repetitivos: O Transtorno do Espectro Autista frequentemente envolve comportamentos repetitivos ou interesses restritos, como alinhar objetos ou seguir rotinas rígidas. Sensibilidades sensoriais, como reações exageradas a luzes ou sons, também são comuns.

Causas do Transtorno do Espectro Autista (TEA): Perspectivas Diversas

Perspectiva Materialista

Na perspectiva materialista, o Transtorno do Espectro Autista é visto como resultado de uma complexa interação de fatores genéticos e ambientais. As mutações genéticas podem ser herdadas ou ocorrer espontaneamente, sem histórico familiar. Fatores ambientais, como idade dos pais, complicações na gravidez ou exposição a substâncias químicas, também são considerados potenciais influenciadores no desenvolvimento do Transtorno do Espectro Autista.

Perspectiva Espiritual

A visão da Federação Espírita Brasileira destaca que cada ser possui uma trajetória única e vivencia aspectos de uma construção contínua da própria plenitude. Segundo a FEB, é importante evitar atribuir uma causa única para o Transtorno do Espectro Autista, pois tanto indivíduos típicos quanto atípicos são espíritos encarnados em busca de evolução moral.

Importância do Diagnóstico e Intervenção

O diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista envolve uma equipe multidisciplinar e pode incluir pediatras, psicólogos e neurologistas. O processo pode ser complexo, pois os sinais e sintomas variam amplamente entre os indivíduos. A seguir, algumas dicas para quem busca um diagnóstico.

Para Pais de Crianças

  1. Desenvolvimento Social e Emocional: Preste atenção à forma como seu filho interage com outras pessoas. Crianças com Transtorno do Espectro Autista podem ter dificuldade em fazer contato visual, responder ao seu nome ou expressar emoções apropriadamente.
  2. Comunicação: Observe atrasos na fala ou linguagem. Crianças com Transtorno do Espectro Autista podem não balbuciar como outras crianças, ou podem perder habilidades linguísticas que já tinham adquirido.
  3. Comportamentos Repetitivos: Esteja atento a movimentos repetitivos (como balançar as mãos), aderência a rotinas específicas, ou interesses intensos e incomuns por certos objetos.
  4. Sensibilidade Sensorial: Crianças no espectro podem ser excessivamente sensíveis a luzes, sons ou texturas.

Profissionais a Procurar

  • Pediatra: O primeiro passo geralmente é consultar o pediatra do seu filho, que pode realizar uma triagem inicial para o Transtorno do Espectro Autista.
  • Psicólogo Infantil ou Psiquiatra: Esses profissionais são qualificados para realizar avaliações mais detalhadas, incluindo observações de comportamento e testes padronizados.
  • Fonoaudiólogo: Para avaliar o desenvolvimento da fala e linguagem, bem como dificuldades de comunicação.
  • Terapeuta Ocupacional: Pode ajudar a avaliar e tratar dificuldades sensoriais e motoras.

Para Adultos

Para adultos que suspeitam ter Transtorno do Espectro Autista, especialmente aqueles com formas mais leves ou que não foram diagnosticados na infância, o processo pode ser um pouco diferente:

  1. Dificuldades Sociais: Pode haver um histórico de desafios em interações sociais, como dificuldades em entender normas sociais não ditas ou manter conversas.
  2. Padrões de Comportamento Repetitivo: Os adultos podem perceber uma preferência por rotinas rígidas ou hobbies intensos e específicos.
  3. Sensibilidade Sensorial: Adultos no espectro muitas vezes relatam sensibilidades específicas a estímulos sensoriais.

A busca por um diagnóstico pode envolver a consulta com um psicólogo ou psiquiatra especializado em autismo, que pode usar uma combinação de entrevistas, questionários e avaliações comportamentais.

Avanços nos Tratamentos para o Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Com o avanço da pesquisa e da compreensão do Transtorno do Espectro Autista, novas abordagens e tratamentos têm sido desenvolvidos para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Vamos explorar alguns desses avanços.

Intervenções Comportamentais

  • Análise Comportamental Aplicada (ABA): A ABA é uma abordagem amplamente utilizada que visa aumentar comportamentos desejáveis e reduzir comportamentos indesejáveis por meio de reforços positivos. É uma das abordagens mais comprovadas para melhorar habilidades sociais e acadêmicas.

Terapias Ocupacionais

  • Terapia Ocupacional: Focada em ajudar indivíduos a desenvolver habilidades motoras e de vida diária. Terapeutas ocupacionais trabalham para melhorar a capacidade de uma pessoa em realizar atividades cotidianas, como vestir-se e utilizar utensílios.

Tratamentos Farmacológicos

  • Medicação: Embora não exista uma medicação específica para curar o Transtorno do Espectro Autista, certos medicamentos podem ser prescritos para tratar sintomas associados, como ansiedade, depressão ou hiperatividade.

Terapias de Comunicação

  • Terapia de Fala e Linguagem: Ajuda a desenvolver habilidades de comunicação verbal e não verbal. Isso pode incluir a aprendizagem de estratégias para melhorar a comunicação social e a compreensão da linguagem.

Futuro e Esperanças no Tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Novas pesquisas e abordagens que surgem em larga expansão ampliam a esperança e expectativas sobre o futuro do tratamento. A integração de terapias personalizadas e intervenções precoces continua a mostrar promissora eficácia. À medida que a compreensão sobre o tema evolui, é crucial que continuemos a apoiar indivíduos com autismo com estratégias baseadas em evidências e práticas inclusivas.


Referências Bibliográficas

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